A Rocha, cujas obras são de justiça!

Comentário sobre a porção semanal da Torá – Haazinu

Uma Segurança Imutável



A Torá escolhe o termo ‘Rocha’ para se referir ao Criador no Cântico de Moisés, chamado ‘Haazinu’.


‘Rocha’ é uma expressão de força, segurança, que não se comove com a fúria dos ventos, das tempestades que varrem tudo ao seu redor. Quando buscamos um ponto de referência claro, seguro, imperturbável, nos dirigimos à “Rocha da Nossa Salvação”, o Criador do Mundo.
Mas poderíamos nos perguntar, para que toda esta segurança?

Em outras palavras, pode ser que Ele represente segurança, mas como podemos saber que merecemos essa ajuda, que somos dignos de ser ajudados?

Talvez trata-se, simplesmente, de uma auto-sugestão que nos ajuda a permanecer calmos em situações adversas, e nos ajuda a resolver nossos problemas com mais serenidade, enquanto que o Criador “não tem conhecimento de qualquer coisa”, por assim dizer.
A Confiança
A resposta a estas perguntas depende do conhecimento que tenhamos do Criador, depende de nossas próprias experiências, ou da experiência que escutamos de pessoas das quais podemos confiar. Quando vão acumulando-se tais experiências, nos tornamos, sem dúvida, capazes de atribuir um “comportamento específico” ao Criador. Quando, depois de uma oração que sai das profundezas do coração, recebemos um telefonema ou encontramos uma pessoa que oferece certa ajuda inesperada, poderíamos dizer que nada mais é do que um “acaso”, ou então, podemos reconhecer que o Criador ouviu nossas orações e nos enviou uma resposta.
Conta-se uma piada sobre um judeu que buscava desesperadamente uma vaga para estacionar perto de seu escritório e não encontrava. Este então ofereceu ao Criador: ‘Caso Você me ajude a encontrar uma vaga de estacionamento, eu faço uma doação de cem euros à sinagoga’. Mal havia terminado de fazer a oferta a D’s, ele encontra uma vaga e se apressa em dizer: ‘já não é mais necessário, consegui sozinho!’.
Quanto mais se conhece uma pessoa, melhor sabemos como e quando podemos confiar nesta. Caso seja alguém que nunca tenha nos falhado, que sempre teve uma resposta para nós, sabemos que trata-se de uma pessoa de confiança. Este é o significado da ‘fé’, da confiança. Nossa fé no Criador depende desta “coleção de experiências” que acumulamos e então, tornam-se parte integrante das nossas vidas.
Termos de Confiança
Um dos temas mais discutidos é o limite, ou as condições, desta confiança no Criador. Devemos confiar que Ele nos enviará o alimento necessário sem qualquer esforço de nossa parte? Quanto esforço podemos ou devemos investir sem cair em uma ‘confiança no trabalho’, que substitua a ‘confiança no Criador’?
A regra diz que isso depende das circunstâncias, do que neste momento é considerado certo e o nível espiritual de cada um.
Mas esta é também uma questão sensível uma vez que alguns podem considerar a si próprios em um nível muito elevado e assim acreditarem que não precisam realizar grandes esforços em seu trabalho, pois o Criador lhes enviará tudo o que precisam. E, por outro lado, outros que não se consideram bons o suficiente, podem passar longas horas de trabalho pois somente assim mereceriam a ajuda necessária.
Também deve levar-se em consideração, com muito cuidado, o significado de “necessário”.Deve, o Criador, nos proporcionar um bom computador, um bom carro e comida abundante, ou o suficiente que não morramos de fome? E, caso exista um equilíbrio, qual seria?

Trata-de um equívoco pensar que o Criador deve dar-nos exatamente aquilo que pedimos. Não é assim, nem mesmo de longe. É bem possível que Ele considere que o melhor para nós é precisamente o oposto daquilo que acreditamos que seja.
Então o que exatamente significa esta confiança no Criador? A confiança é acreditar que receberemos exatamente aquilo que é mais adequado para nós.
E se é assim, para que servem todas as nossas orações? São dois os objetivos principais: em primeiro lugar, realizar um esforço especial para ajudar-nos a lembrar que a ajuda vem Dele. Em segundo lugar, para nos ajudar a refletir se já fizemos tudo o que estava em nosso alcance antes de ‘perturbar’ o Criador com nossos pedidos.
Justificação do Juízo
O versículo da nossa Parasha que citamos (Deuteronômio 32:4), continua: “Sua obra é perfeita, todos os seus caminhos são justiça, D’s Leal, que não comete injustiças, que é justo e correto” .
Na realidade, estas palavras especificam o que já explicamos: Seus caminhos são justiça, sem nenhum mal, embora não sejamos capazes de entender tudo à primeira vista.
Este verso é parte da oração que familiares de um falecido realizam no momento dizer adeus ao ente, denominada “Tsiduk Hadin” ou “Justificação do Juízo”. Não há queixas sobre o que está acontecendo. Por mais que dói a ausência da pessoa querida que partiu, sabemos que o incidente é parte do sistema de justiça do Criador, que prepara para cada um não somente o mais justo, mas todo o necessário para alcançar o melhor.
Este versículo deve estar sempre presente em nossas mentes, em nossas palavras, tanto quando tudo vai bem, quanto quando, D’us me livre, as coisas não vão tão bem. Tudo está em Suas mãos, Suas boas mãos. E se o problema nos dá dores de cabeça, é para reparar algum dano que causamos ou para quebrar alguns grilhões que nos detinham e não podíamos vê-los, ou mesmo, para aumentar nossos méritos ao receber o problema sem protestar.
Ao posicioná-lo no início do Cântico de Haazinu, também serve para ensinar-nos que todos os detalhes da História Sagrada do Povo Santo de Israel, estão em muito boas mãos, e que qualquer incidente, acidente ou desastre que acontecem em nossa vida nacional também estão minuciosamente controlados por nossa “Rocha”.

Post Original http://casadosanussim.shavei.org/

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